Gamers telepáticos preocupam os cientistas

Fique tranqüilo, você vai ganhar

Há dois anos, em uma enorme feira de tecnologia, joguei um dos primeiros joguinhos onde você não usa nem as mãos nem os pés para jogar, e sim a vontade. Ou melhor: você coloca uma fita que mede suas ondas cerebrais, e o jogo interpreta as informações e passa para o programa propriamente dito. No que eu joguei (Mindball), a coisa era simples: mantenha-se calmo e uma bola de metal no centro da mesa vai em direção ao gol do adversário. É um game que poderia não acabar entre monges budistas. Mas quando eu experimentei, deixei meu lado competitivo tomar conta e me preocupei muito em vencer, até fechando os olhos. Quando eu abri e vi que não estava ganhando, e a adversária era uma menininha de uns 11 anos, me assustei, rapidinho a bola correu pro meu gol. Ficar calmo e ser muito competitivo não eram coisas que combinavam.

Hoje a coisa evoluiu um bocado. As mais recentes interfaces entre cérebro e computador (BCI, em inglês) ajudam tetraplégicos a mover o cursor na tela, por exemplo. E uma empresa promete fazer jogos usando essa tecnologia, mais complexa, para quem joga videogame. Se você acha que um cara sentado na frente da TV mexendo um joystick o dia inteiro é o retrato de alguém sedentário, imagine se nem o controle ele precisar mexer! Mas sério, os cientistas estão preocupados, e não é por isso. Eles dizem que quando uma pessoa vê um gráfico em tempo real de suas ondas cerebrais, e vê que é possível mudá-lo, o cara pode ficar meio alterado. Se o jogo pede pra que ele “mande sinais cerebrais” devagar, o cara tende a funcionar devagar, meio chapado. Os cientistas acham que se um figura desses pegar um carro pra dirigir depois, o jogador pode estar devagar, e ter dificuldade de manter o estado de alerta. Ou seja: modificar conscientemente seu nível cerebral pode levar a condições que não compreendemos os efeitos ainda. Mas na boa, duvido que esse seja o futuro próximo do videogame. Você curtiria controlar com o poder da mente?